Não tem nada a
ver com a lista de jogadores anunciada pelo cidadão da imagem acima, Luiz Felipe Scolari, na manhã de
terça, 14 de maio. Os 23 jogadores que estarão na Copa das Confederações já
foram divulgados. O Brasil ao qual me refiro é o povo brasileiro representado
em quase 200 milhões de cidadãos e o Estado que em teoria os representa.
Tudo bem que
às vezes tenho de concordar que sou pessimista demais, mas alguns fatores
importantes demais pra serem esquecidos me fazem afirmar que o Brasil não foi
convocado e nem sequer convidado para a Copa das Confederações e para a Copa do
Mundo. Na verdade estamos para esses dois eventos como um pai é para um
filho que quer dar uma festa em casa para seus amigos: é o pai quem paga as
contas, compra alimentos, bebidas e limpa a sujeira depois, entretanto não tira
proveito algum de toda alegria juvenil que acabou de bancar. Somos assim! Com
dinheiro público reformamos e construímos estádios e centros de treinamento.
Aceitamos pagar elevados preços que depois acabam sendo reajustados (algumas
boas vezes) e talvez num jogo político acabamos construindo estádios de primeiro
mundo em cidades que não têm um público de mil torcedores por jogo.
O campeonato amazonense1 é um bom exemplo: com média de 410 torcedores em partidas de turno e de 1.785 nas fases finais, nem a soma de 29.180 torcedores que assistiram jogos na última edição chegariam perto de lotar a Arena da Amazônia2 com 44.500 lugares. Leia mais sobre os prováveis elefantes brancos aqui.
O número
recorde de estádios não pode ter como desculpa o tamanho continental de nosso país,
pois se assim fosse, a Copa realizada nos Estados Unidos deveria ter ao menos
15 cidades-sede.
Não para por
aí. Diversos estádios estão sendo cedidos à empresas privadas que não devem
satisfações ao governo após firmarem contratos de concessão. Além dos casos de
Naming Rights (quando uma empresa “empresta” seu nome ao estádio), muitos
estádios serão entregues à administração prolongada por parte de construtoras
e/ou conglomerados de negócio. Ok, você dirá que as empresas ao menos firmam um
contrato pagando ao governo pelo direito de administrar os estádios. Sim, mas
eu respondo com outra pergunta... você sabe o preço? Veja o exemplo do
Maracanã: o governo gastou um bilhão de reais na reforma e assinou um contrato
de concessão para um conglomerado de empresas que o administrará por 35 anos
pagando meros 180 milhões de reais3 (menos de 20% do valor total). Analise
se isto tem algum cabimento, eu construo uma casa para você no valor de
R$100.000 e você a aluga por 35 anos por um preço total de R$18.000.... infeliz
proporção, não? A que preço reduzimos aquele que é chamado de templo do futebol nacional! Vou parar por aqui porque o iceberg já me parece bem maior do
que a parte que já conheço.
Sim, nós
quisemos duas competições de porte internacional em nosso país (sem falar na
Olimpíada que trará mais gastos ainda). Estávamos dispostos a gastar, mas hoje
já me questiono a credibilidade e viabilidade da Copa no Brasil. O exemplo da
economia grega que sucumbiu após raspar os cofres para receber a Eurocopa e as
Olimpíadas deve nos servir de alerta em meio a todo esse oba-oba. O futebol
dentro das quatro linhas é apenas um mero detalhe em meio a tudo isso, mas com
esses 23 e especialmente com os 11 do Felipão está difícil de ganhar alguma
competição.
1- Campeonato Amazonense 2012 - http://www.d24am.com/esportes/futebol/media-de-publico-do-campeonato-amazonense-pouco-se-altera/53407
2- Arena da Amazônia, informações - http://arenadaamazonia.com.br/o-projeto/a-arena/
3- Informações do contrato de concessão do Maracanã - http://oglobo.globo.com/esportes/consorcio-que-reune-odebrecht-aeg-eike-batista-ganha-licitacao-do-maracana-8342004
Boa análise! Vamos confiar na capacidade dos brasileiros ao promover grandes eventos, mesmo com todos os problemas conhecidos.
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